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Capoeira da Bahia elege coordenação do seu conselho de salvaguarda

MARIA PAULA FERNANDES ADINOLFI
Atualizado em 03/09/2018

Por Contramestre Sem terra (Paulo Magalhães)


O Conselho Gestor da Salvaguarda da Capoeira na Bahia, reunido no Forte da Capoeira, em Salvador, entre os dias 3 e 5 de agosto, elegeu sua Coordenação Geral para o próximo biênio. Composto por cerca de 30 membros representantes de toda a Bahia, da sociedade civil e de instâncias governamentais, o conselho é um órgão de natureza consultiva, responsável por propor, incentivar e acompanhar políticas públicas para a capoeira. Desde que a roda de capoeira e o ofício do Mestre de capoeira foram registrados como patrimônio imaterial brasileiro, em 2008, o IPHAN assumiu a missão de elaborar estas políticas, que passaram a ser construídas estadualmente. Na Bahia, o processo se iniciou em 2010, por iniciativa dos capoeiristas, e em 2013 com apoio do IPHAN, quando aconteceram seminários por todo o estado para eleger o Conselho Gestor e elaborar o plano de salvaguarda, base de toda política pública para a capoeira em qualquer instância (federal, estadual ou municipal).


Após a eleição, o Conselho Gestor passa a ter a seguinte Coordenação Geral: Presidência - Mestre Duda (Salvador); Vice-Presidência - Mestre Macaco (Santo Amaro); Secretaria - Alex de João Pequeno e Franciane Simplício (Salvador); Diretoria de Articulação Institucional - Tâmara Azevedo (SETUR) e Gabriele Vieira (SEPROMI); Diretoria de Mobilização e Formação - Mestre Iran (Alagoinhas) e Mestre Dimainha (Canavieiras); Diretoria de Comunicação - Mestre Ministro e Contramestre Sem Terra (Salvador). O presidente de honra é o Mestre Curió, o mais velho, que com sua lúcida experiência traz o peso da autoridade ancestral para a condução da comunidade. 


A eleição da coordenação aconteceu após o Conselho votar sua recondução, ou seja, a renovação do seu mandato, por mais dois anos. Esse prolongamento da gestão foi necessário porque as reuniões estavam paradas há mais de um ano, em virtude do contingenciamento de recursos do IPHAN, feito pelo governo federal. É necessária uma estrutura mínima para reunir capoeiristas de diferentes regiões do estado. Essa reunião teve também o objetivo de estruturar a ação do Conselho Gestor, que aprovou seu Regimento Interno. Outro ponto abordado foi a reestruturação dos GTs, os Grupos de Trabalho Territoriais, a partir do qual os capoeiristas debatem e atuam em cada macroregião do estado, capilarizando a política de salvaguarda. Atualmente há 11 GTs, que estão elegendo suas coordenações em modelo semelhante ao Conselho Gestor, a fim de ter maior agilidade e autonomia na atuação.


O próximo encontro do Conselho Gestor, marcado para os dias 28, 29 e 30 de setembro, acontecerá na Casa do Samba, em Santo Amaro, um espaço que guarda muitas experiências de políticas públicas para o samba de roda, também patrimônio imaterial brasileiro. Lá acontecerá um balanço de todas as ações de salvaguarda realizadas nas diferentes regiões da Bahia, desde 2016, seja pelo poder público, seja por iniciativa dos próprios capoeiristas. O próximo passo será o planejamento de implementação das ações de salvaguarda consideradas prioritárias em cada território.


As reuniões do Conselho Gestor da Salvaguarda da Capoeira na Bahia são abertas à participação de toda a comunidade. Entretanto, só têm direito a voz e voto, bem como à estrutura de transporte, hospedagem e alimentação, os conselheiros eleitos. Com esse processo de organização e mobilização coletiva, espera-se abrir uma nova página da história da capoeira na Bahia, no que diz respeito à relação com o Estado e aos apoios para sua prática e continuidade.